Oh, LASQUINHA DE MIM

Enne Evelyn
May 24, 2021

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Às vezes eu esqueço tanto de mim
Esqueço que sei fazer nó, do nó virar arte
Mas nesses dias que me perco
cada puxada da agulha fere um pouco a carne
Eu não consegui definir ainda assim
Se eu me costuro ou me desmancho

Esqueço que as palavras se conectam também como nó
como gancho, como roda de ciranda
e simplesmente não sei mais como dançar
como, aliás, nunca soube
de malsucedidos que foram meus tchans

O que sei de mim, é que sempre fui dura feito pedra
Combinando signo de fogo, mutável,
portanto, comemoro o advento do geodo.
E assim que me fragmente a casca,
vocacionada a virar talismã
por dentro cristal, por fora lodo

Escorrego e quebro, me mostro
e dou pra cada um uma lasca.

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Enne Evelyn
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Written by Enne Evelyn

Avis rara — Um passarinho que percorre do litoral ao sertão. Às vezes rima, às vezes não.

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